quinta-feira, 13 de março de 2008

João Cabral de Melo Neto

Fim da Segunda Guerra Mundial. Início da Era Atômica com as explosões de Hiroxima e Nagasáqui. Cria-se a ONU. Mas logo após vem a Guerra Fria. Também em 1945, ocorre o fim da ditadura de Getúlio Vargas, início da redemocratização brasileira. Mas logo após há o golpe militar. Voltam as perseguições, os exílios...
Surge a geração de 45. Grupo de poetas que se dedicam a uma poesia equilibrada. Longe das "brincadeiras", ironias, sátiras, modernistas. Se preocupavam com o reestabelecimento da forma artística e bela. É aí que surge um dos mais importantes poetas da nossa literatura, não filiado esteticamente a nenhum grupo e aprofundador das experiências modernistas anteriores: João Cabral de Melo Neto.
João Cabral nasce em Janeiro de 1920 (não sei precisamente se seria no dia 6 ou 9). Primo de grandes intelectuais, Gilberto Freyre e Manuel Bandeira. Passa sua infância em engenhos de açúcar: primeiro o Poço de Aleixo em São Lourenço e depois fica no Pacoval e Dois irmãos em Moreno.
Com o início da Era Vargas e por complicações políticas com o presidente Getúlio, Luís Antônio, pai de João Cabral, foi obrigado a abandonar o engenho e partir para Recife. Em 1930, João Cabral, amante compulsivo de futebol, estudou no colégio Marista e foi campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube (1935).
Aos 18 anos já começa a frequentar rodas literárias em cafés, onde conhece Murilo Mendes, no Rio de Janeiro. Este, apresenta o pernambucano a Carlos Drummond de Andrade, entre outros intelectuais.
O ano de 1942 é marcado pela publicação do primeiro livro de João Cabral: Pedra do Sono.Um livro influenciado pelos seus amigos Murilo e Carlos. Já em 45, publica O engenheiro, livro que define o rumo de sua obra.
Logo após prestou concurso para a carreira diplomática e serviu na Espanha, Inglaterra, Portugal, Marrocos, França Senegal.
No final a década de 60 é eleito para a Academia Brasileira de Letras na vaga de Assis Chateubriand. toma posse, em 69, da cadeira de número 6 e é recebido por José Américo.
João Cabral era atormentado por fortes dores de cabeça e descobriu que sofria de uma doença degenerativa incurável que faria sua visão desaparecer aos poucos. Logo então anunciou que iria parar de escrever. Morre em 1999, aos 79 anos, sem ver o seu time do coração (América) voltar a seus dias de glória.
Enfim. Quanto ao seu estilo de escrita os críticos chamam a Geração de 45 o grupo de artistas desligados da revolução artística de 22 e que recuperam certos valores parnasianos e simbolistas. São poetas não-catalogáveis. O que deixa mais fácil analisar cada autor isoladamente, pois a única coisa que os deixam próximos é o aspecto cronológico.
João Cabral , por sua vez, é objetivo e real. Podemos notar que se inspira no nordeste (sua região natal), na Espanha (onde encontra muitos pontos em comum com o nordeste) e com a arte plástica, tendo destaque o pintor Juan Miró!