sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Coisas "Antigas"

Em 2004 eu tinha quantos anos? 15? É... Faz seis anos que escrevi uma carta. Uma carta destinada a um amor distante. Eu já era fail nessa época. Eu sei que de 2004 pra cá não se passou muito tempo. Mas creio que devo ter amadurecido ao menos um cadinho.
Ao ler meus diários e lembrar de fatos da era acneia da minha vida (se bem que a acne ainda perdura) eu percebi o quão estúpida eu era. Eu me iludia muito fácil com meninos que não me davam a mínima atenção. Isso acontece com 99,9% das meninas de 15 anos que não são bonitas nem gostosas. Eu era uma magrela, cheia de espinhas, que se vestia estranho. E ainda era chatinha. Mas eu tinha direito de me apaixonar. E fui louca por um primo da minha melhor amiga da época. E foi tudo tão bonito... O mirc era o nosso local de flerte. E quando queríamos escrever algo mais elaborado, enviávamos cartas. Eu esperava pelas cartas assim como pirralho espera pela merenda. E é claro que eu tinha que ver antes que a minha mãe visse.
Nos conhecemos no meu aniversário de 13 anos e foi com ele que eu tive o meu primeiro beijo (que não foi ruim). Ficamos 1, 2... acho que 3 vezes. Mas ele teve que voltar pra cidade dele... Então voltamos às cartas.
Acontece que as respostas dele começaram a demorar. Eu mandava duas cartas para uma curta resposta. Até que a última eu não mandei.
Foi ela que eu encontrei (na verdade foi a minha irmã quem encontrou e ficou rindo da minha cara).
Se liga:


"Meu quarto, escutando 'My band' - D12 (Iaca) - 15/10/2004
Oi!
Por que não me respondeu até agora? (Feliz aniversário atrasado)
  • Tá sem tempo?
  • Tá descontando porque demoro a responder as suas?
  • Preguiça?
Não aceito desculpas... Aceito uma carta.
Praticamente 2 meses sem net, sem computador... Nem escrever no bloco de notas eu posso mais.
Putz... O que eu vou escrever?! Faz um ano e alguma coisa que a gente não se vê... Uns meses que não tenho notícia da sua vida. Como eu vou escrever algo sobre nós se nem assunto tem?
A solução é falar da minha bagunça (vida).
A minha vida financeira é um vácuo. Não tem nada. Nem aquelas notinhas falsas que se ganha em cantina. Teve um dia que eu tive que juntar moedinhas do meu santo cofrinho pra pagar o busão. Agora imagina; um monte de moeda de 5 centavos... Normal. Tive que sair do Ballet também.O que pode me deixar obesa, porque eu não páro de comer.
Já te contei que eu talvez vá pra Brasília? Acho que já, né?
Eu e Larissa estamos com um projeto. É que a gente se revolta com aquele jornalzinho (se é que aquilo pode ser chamado de jornal) fútil 'Moçada que Agita'. O pior de tudo é que todo mundo lê, inclusive eu. Mas nós estamos querendo fazer um jornal alternativo, direcionado aos interesses estudantis. Nada de bilhetinhos ridículos. A gente já tem apoio, só falta pôr no papel.
Olha, eu não tenho mais nada em mente pra escrever! Quando você me responder, me pergunte algo do seu interesse.
Beijos
Saudades
Dija"

Nunca mais nos falamos direito. Mesmo se eu tivesse mandado esta carta (muito desaforada) ele não teria me dado cabimento.


Um comentário:

Holland disse...

Acho legal a sinceridade (ou inocência) de enviar uma carta pro paquera aos 15 anos dizendo "saí do ballet, vou ficar obesa", HUehUEHEUHUe. Imagino o carinha (que tem 15 anos também? Tem? N sei) lendo e pensando "eita... hehehehe, e agora oq eu vou dizer?".

Dija você sempre teve uma baixa auto estima bizarra que aflora de tempos em tempos, você era chata pra caralho, realmente, na sétima série e na net era moh boca suja, mas em 2004 você já era uma das poucas meninas lá da turma que não tinham uma conversa fútil sobre compras, gente famosa (homens) e futilidades do gênero novela e revista de fofoca. Você tinha personalidade, era de longe a pessoa com quem eu mais conversava na sala. Era amiga de me dar colo pra eu falar dos meus problemas, lembro até hoje de como fiquei deitado em posição fetal com a cabeça no seu colo ruendo pelo fim do caso que tinha na época. Existiam muitos colos pra eu colocar a cabeça naquela escola, mas o seu era o único que valia a pena.